segunda-feira, 13 de junho de 2016

Pinturas indígenas

A pintura corporal é uma manifestação cultural presente em várias sociedades, como os indígenas, hindus, africanos e na sociedade ocidental por meio da maquiagem e da tatuagem. Os índios utilizam a pintura corporal como meio de expressão ligado aos diversos manifestos culturais de sua sociedade. Para cada evento há uma pintura específica: luta, caça, casamento, morte. Todo ritual indígena é retratado nos corpos dos mesmos na forma de pintura, é a expressão artística mais intensa dos índios. A tinta é feito de urucum, jenipapo ou babaçu na maioria culturais de sua sociedade. Para cada evento há uma pintura específica: luta, caça, casamento, morte. Todo ritual indígena é retratado nos corpos dos mesmos na forma de pintura, é a expressão artística mais intensa dos índios. A tinta é feito de urucum, jenipapo ou babaçu na maioria das vezes. A cultura hindu também utiliza a pintura corporal, nos casamentos, em que as noivas são pintadas por todo o corpo com desenhos decorativos que representam sorte para a noiva e um rompimento com a antiga vida em família e para exibir a condição da mulher casada, um sinal vermelho no centro das sobrancelhas. Quando uma mulher hindu se casa, ela passa a fazer parte da família de seu marido, e deixa de ser integrante de sua família biológica, e as pinturas são como uma representação desse ritual de passagem para ela. Assim como os indígenas, muitas tribos africanas também usam a pintura corporal com significados particulares a cada evento, e para embelezar-se. A natureza também é muito retratada nesse tipo de pintura corporal. As pinturas africanas são feitas com vegetais, barro, ocre vermelho e amarelo extraídos de rochas vulcânicas, e seiva de algumas plantas que possuem pigmentos fortes. Analisando estes tipos tradicionais de pintura corporal é possível notar o choque cultural existente entre as sociedades, e observar também como é mutável o conceito de beleza. No entanto, a pintura corporal na sociedade contemporânea ocidental baseia-se nos mesmos princípios de embelezar-se e expressar algo.
 A maquiagem sempre foi um artifício feminino de beleza. As técnicas de maquiagem crescem ininterruptamente e seguem tendências e padrões. Entretanto, não apenas as mulheres utilizam a maquiagem, o teatro, o cinema e a fotografia também a utilizam para fins artísticos, para expressar ideias, enfatizar o desejado nas imagens e fazer referências socioculturais a depender da manifestação cresce ininterruptamente e seguem tendências e padrões. Entretanto, não apenas as mulheres utilizam a maquiagem, o teatro, o cinema e a fotografia também a utilizam para fins artísticos, para expressar ideias, enfatizar o desejado nas imagens e fazer referências socioculturais a depender da manifestação. Como pode se pensar. Estima-se que ela tenha surgido por volta do ano 3000 a.C. no Egito, em rituais ligados à religião. Todavia, a popularização da tatuagem, característica da sociedade contemporânea ocidental, também está ligada ao desejo de expor tatuagem não é uma manifestação pertencente exclusivamente à sociedade contemporânea essa algo, um estilo, uma opinião, etc., muitas tribos urbanas têm a tatuagem como marca de seu estilo, como uma patente. A pintura corporal esteve inserida em diversos momentos por toda a história da humanidade, sendo utilizada de diferentes formas e com diferentes intuitos. Mas com intenções básicas comuns a todos os tipos de manifestação da mesma. A pintura corporal é mais que uma mera característica de manifestação cultural da humanidade, é parte integrante da formação da maioria das sociedades.
Fontes:



domingo, 12 de junho de 2016

Brincadeiras


A brincadeira não importando a cultura é de grande importância para o adulto e principalmente para as crianças. Hoje brincadeiras e jogos que usamos em nosso dia a dia muitos são de origem indígena como peteca e perna de pau, outras não são tão conhecidas.

Jogo de gavião
 Todas as crianças, meninos e meninas, formam uma grande fila, cada um agarrando o corpo do colega da frente com as mãos. A brincadeira pode começar com a criança mais alta do grupo, representando o gavião. Este se posta a frente da fila e grita piu. Esse som representa a chamada do Gavião que quer dizer “estou com fome”. O primeiro jogador da fila estende a perna direita depois a esquerda para a frente e pergunta: quer isso? O gavião responde negativamente, repetindo a brincadeira com cada jogador até chegar à última criança. A esta o gavião diz sim e parte para sua perseguição, correndo para qualquer lado da fila. Os demais jogadores tentam impedir que o gavião pegue o último da fila, contorcendo a “corrente” para a esquerda e para direita. Nesse momento os menores acabam caindo no chão, criando um grande alvoroço. Se o gavião conseguir atingir o seu objetivo, volta a seu posto para fazer uma nova tentativa. Quando conseguir pegar a presa, leva-a para um lugar escolhido como seu ninho, prosseguindo o jogo até que o último da fila tenha sido pego.
SOL E LUA - üacü rü tawemüc’ü
Essa brincadeira também é conhecida em outras localidades com outros nomes como PASSARÁ DE BOMBARÉ.Crianças dispostas em coluna por um, segurando na cintura do que está à frente. Duas outras crianças, representando o SOL E A LUA, fazem uma "ponte", mantendo as mãos dadas acima. Cantando, as crianças passam sob a ponte várias vezes. Numa das vezes o Sol e a Lua prendem o último ou os dois últimos. Perguntam-lhe para que lado querem ir. A criança escolhe e vai colocar-se atrás do Sol ou da Lua. E assim continuam até terminar. Quando todas as crianças passam, têm-se dois partidos. A duplas mantém os braços dados, e todos mantêm-se segurando na cintura do colega da frente. Vão puxar-se, para ver que partido ganhará. Ganhará aquele grupo que conseguir "puxar" o outro. E puxam várias vezes, marcando ponto para quem consegue derrubar ou desarticular o outro partido.Nesse jogo vê-se não somente o uso da força. Surge a questão do poder de decisão, que é colocado em evidência. É dada à criança a opção de escolha do partido ao qual quer pertencer. Além disso é também trabalhada a noção de equipe, de conjunto, pois é todo um partido fazendo força para puxar o outro partido.
CABAS - Maë
 As crianças são divididas em dois grupos: um de roçadores e outro que representa as cabas. Essas sentam-se frente à frente numa pequena roda, cada uma segurando na parte de cima da mão do outro, como se fosse o ninho de cabas. Cantam e balançam as mãos para cima e para baixo. Os roçadores fazem movimentos com os braços, como se estivessem roçando sua plantação até chegar próximo ao ninho de caba. Um deles, sem perceber bate no ninho e as cabas saem a voar e a picar os roçadores. É um salve-se quem puder.As cabas ou marimbondos são insetos muito comuns nas matas.
 GAVIÃO E GALINHA - O’ta i inyu.
Uma criança mais forte é escolhida para ser o gavião, ave forte e comedora de pintinhos. Outra criança representa a galinha, que fica de braços abertos, tendo atrás de si todos os seus pintinhos. O gavião corre para tentar comer um dos pintos, mas só pode pegar o último. A galinha tenta evitar dando voltas e mais voltas, impedindo que o gavião pegue seu pintinho. O gavião só pode pegar o pinto pelo lado. Não pode tocar por cima. Quando ele consegue, come o pintinho, ou seja, a criança fica de fora da brincadeira. Algumas vezes a criança passa a ser também gavião.Essa é uma brincadeira comum entre as crianças. Quase todos conhecem. Em outra localidade pode até mudar de nome, mas sempre há a figura do gavião como aquela fera que vem para comer os pequenos animais que não podem se defender.
MELANCIA - Woratchia
Crianças representam as melancias, ficando agachadas, em posição grupada, com a cabeça baixa, espalhadas pelo terreno. Existe o dono da plantação de melancias, que fica cuidando, com dois cachorros. Existe outro grupo, que representa os ladrões.Os ladrões vêm devagar, e experimentam as melancias para saber quais estão no ponto de colheita, batendo com os dedos na cabeça das crianças. Quando encontram uma melancia boa, enfiam-lhe um saco, e saem correndo com ela. É aí que o cachorro corre atrás do ladrão para evitar o roubo.
 VIDA 
Jogo de bola semelhante à "queimada". Dois partidos, em seus campos. Uma criança lança a bola e tenta acertar em alguém do outro partido. Se conseguir acertar e a bola cair no solo, a criança "queimada" sai do jogo.
CURUPIRA
Uma criança fica com os olhos vendados. A outra vem e faz com que aquela dê três voltas girando. Depois, ela pergunta: "que que tu perdeu"? E ela responde "perdi uma agulha; perdi um terçado; E todas as crianças fazem suas perguntas. Quando chega a vez da última criança, esta pergunta-lhe o que o Curupira quer comer. Quando o curupira tira a venda e vê que não tem a comida que ele pediu, sai correndo atrás das crianças e todos saem em disparada para não serem apanhados. Quem for apanhado passa a ser presa do curupira ou vai desempenhar o seu papel.
JOGO DA ONÇA
Este jogo é jogado no chão, com o tabuleiro traçado na areia. No lugar de peças, os índios utilizam pedras. Uma pedra representa a onça e outras 14, bem parecidas, representam os cachorros. Ele é jogado por dois jogadores. Um deles atua como onça, com o objetivo de capturar os cachorros do adversário. A captura é feita como no jogo de damas. O jogador que atua com os cachorros tem o objetivo de encurralar a onça e deixá-la sem possibilidade de movimentação.
Disponível em: http://criancas.uol.com.br/novidades/ult2367u73.jhtm. Acesso em 26 de agostro de 2010. 

domingo, 5 de junho de 2016

Obras para conhecer a literatura indígena:


Livros sobre índios

Pode ser um bom ponto de partida para trabalhar a temática indígena em sala de aula:
A Terra sem Males: Mito guarani
   O mito guarani de A Terra sem Males é o foco desta obra direcionada para o público infanto juvenil. 
À simplicidade da narrativa somam-se a complexidade 
do mito e sua relevância 
na cultura guarani. O leitor 
não índio, possivelmente, construirá um diálogo de parte do mito com a narrativa bíblica do Dilúvio, mas a narrativa abre as portas para uma discussão sobre as especificidades 
da cultura desse povo. Informações que seguem 
a narrativa são acompanhadas por grafismos geométricos, 
que dialogam com formas de expressões indígenas. Questões diversas, como 
a história dos guarani, 
a resistência e diversidade indígena no Brasil, as migrações e a demarcação das terras podem ser aprofundadas, servindo como propostas 
para pesquisa.
A Terra sem Males: Mito guarani. São Paulo, Jakson de Alencar, Paulus, 2009 (Coleção Mistura Brasileira)
Das Crianças Ikpeng para o Mundo Marangmotxíngmo Mïrang
Os pequenos ikpeng são os guias de uma narrativa que descreve 24 horas em sua aldeia. O texto, acompanhado do filme que o inspirou, em um enredo circular e edição bilíngue, é ideal para apresentar a cultura do povo ikpeng, do Mato Grosso. A linguagem é concisa, mas densa de informações e possibilidades de discussão sobre o que aproxima e o que diferencia o povo ikpeng de outras culturas. Tarefas, brincadeiras, costumes passados e presentes, festas e rituais, objetos ancestrais e cotidianos, papéis sociais, medos e perigos da floresta, além de mudanças incorporadas pelo contato com culturas europeias, fazem parte da obra. O texto promove 
a abertura cultural ao outro 
e constrói pontes para a compreensão das diferenças sem preconceitos. Das Crianças Ikpeng para o Mundo Marangmotxíngmo Mïrang, de Rita Carelli (Adaptação e ilustrações). 
São Paulo: CosacNaify, 2014 (Coleção Um Dia na Aldeia)
A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio
Este foi o primeiro livro escrito por um autor indígena brasileiro que li e a obra me apresentou novas possibilidades de ver os índios na história e na literatura. 
O texto mostra o poder da palavra na tradição ancestral indígena, aponta a pluralidade de etnias, conta como os povos nativos leem o mundo, constroem suas identidades e suas relações com os não índios, revelam respeito pelo poder criador e pela terra. O livro é um relato individual e ancestral, mas muito mais que isso: trata-se de um convite para conhecermos a história tribal brasileira, a contribuição e presença dos povos indígenas no Brasil de hoje.
A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio, de Kaka Werá Jecupé. São Paulo: Peirópolis, 1998 (Série Educação para a Paz)  
Câmera na Mão, o Guarani no 
Coração
Ler O Guarani, de José de Alencar, constitui desafio para muitos jovens. Contudo, o texto de Scliar pode promover o interesse pela leitura da obra de Alencar. Em uma linguagem contemporânea, o narrador conta, em primeira pessoa, como foi motivado à leitura de 
O Guarani para produzir um filme e concorrer a um prêmio. O que o leitor acompanha, porém, é a trajetória do personagem que vai aos poucos se transformando em leitor, não só de livros, mas de discursos, estereótipos, realidades sociais e contextos culturais. O personagem e seus amigos leem 
O Guarani e o leitor também 
o faz, enquanto todos aprendem a apreciar criticamente a construção do índio pela literatura 
do século XIX.
Câmera na Mão, o Guarani no 
Coração, de Moacyr Scliar. 
2ª ed. São Paulo: Ática, 2008 
Kurumi Guaré no Coração da 
Amazônia
De autor amazonense, a obra narra aventuras infantis e descreve o povo maraguá. Além de acompanhar registros da memória do narrador, uma auto e cosmorrepresentação, e ensinamentos dos povos da floresta, o leitor pode observar a composição multimodal do texto e os símbolos maraguá. Grafismos indígenas constituem uma poética que traduz uma vontade política de expressão de identidade, contam histórias complementares e podem sinalizar a origem do texto na tradição ancestral. A compreensão da obra envolve uma leitura dos símbolos maraguá, do Glossário Nheengatú e de termos regionais amazônicos. Há um enredo nos desenhos da obra de Yamã que lança o leitor para uma rede de significados construídos na interação entre palavra e imagem.
Kurumi Guaré no Coração da 
Amazônia, de Yaguarê Yamã. 
São Paulo: FTD, 2007
Wamrêmé Za’ra: Nossa palavra – Mito e história do povo xavante, de Sereburã
“Ouça o que dizem os antigos. Preste atenção na fala dos velhos sábios, pois eles guardam a Palavra Criadora.” Esta frase de Ailton Krenak, inserida em uma carta nas páginas iniciais desta obra, marca 
o tom do texto xavante. Um envelope contendo a carta inclui cartões-postais com ilustrações que narram histórias encontradas nos objetos de arte dos povos indígenas. Como um prefácio, as imagens anunciam as palavras dos membros mais velhos da aldeia Pimentel Barbosa. Suas vozes foram gravadas 
e traduzidas para a escrita por xavantes do Núcleo de Cultura Indígena. Em 
edição bilíngue, o texto é acompanhado por desenhos de jovens artistas da aldeia, fotos dos xavante e dos warazu, não índios, e por um panorama histórico que vai do século XVI ao século XX.
Wamrêmé Za’ra: Nossa palavra – Mito e história do povo xavante, de Sereburã; Hipru; Rupawê; Serezadbi; Sereñimirâmi. São Paulo: Editora Senac, 1998
Sepé Tiaraju: Romance dos Sete Povos das Missões
Há obras que buscam reconstruir, pela ficção, figuras indígenas heroicas. 
É o caso do romance que, narrado pela perspectiva 
de um jesuíta, em um vaivém da memória, destaca a resistência dos Sete Povos das Missões (RS) e de um dos líderes e guerreiros indígenas do Sul do Brasil, Sepé Tiaraju. No texto, Tiaraju é apresentado pela visão do colonizador, Michael, ou Padre Miguel. Seu olhar constrói o herói indígena e a história da colonização dos povos indígenas pela missão catequizadora dos jesuítas 
e pela política europeia. Documentos históricos, como os tratados de Tordesilhas e de Madrid, além de conflitos e migrações indígenas formam o contexto da obra.
Sepé Tiaraju: Romance dos Sete Povos das Missões, de Alcy Cheuiche. Porto Alegre: AGE, 2012 
O Karaíba: Uma história do pré-Brasil
No romance O Karaíba, Munduruku narra, em linguagem poética, a história de povos que viviam numa terra ainda não chamada Brasil, numa época na qual os índios não eram assim chamados. Não haviam sido colonizados, mas antecipavam mudanças vindas do contato com europeus. O texto nos apresenta essa terra como um personagem com um passado, com povos que vivem à sombra de uma profecia anunciada pelo velho Karaíba, de que 
“um grande monstro” viria 
e destruiria tudo. A obra preenche uma lacuna histórica e literária e apresenta costumes, crenças e leituras do mundo pela visão cultural indígena. Assim, constrói vozes para povos que não tiveram 
sua palavra registrada e enfrentaram a crueldade 
da colonização europeia 
e da escravidão.
O Karaíba: Uma história do pré-Brasil, de Daniel Munduruku. Barueri, SP.: Manole, 2010
Amazonas: Pátria da água = Water Heartland
Com prosa e poesia, Thiago de Mello traça sua gênese e conduz os leitores em uma viagem pela extensão do Rio Amazonas, percorrendo sua história e dos homens que nele navegaram: os índios que chegaram à Amazônia, as icamiabas, 
os exploradores e cronistas europeus e o poeta. Nesta edição bilíngue, que conta com as encantadoras fotografias de Luiz Cláudio Marigo, o poeta descreve com suavidade a beleza 
e a tristeza das águas, da floresta, das plantas e dos animais da Amazônia e trata de seus espíritos protetores, que tentam defender a floresta da ganância, do lucro, da caça predatória. 
O poeta retrata os cantos dos índios, suas angústias 
e sofrimentos, mas anuncia a esperança de que a vida ainda pode ser salva.
Amazonas: Pátria da água = Water Heartland. Textos e poemas, Thiago de Mello.  SP:  Boccato, 2007
Maíra
O entrelaçamento das culturas indígenas e europeias nunca esteve tão em evidência quanto neste romance de Darcy Ribeiro. Nele, o autor emprega seus conhecimentos para criar uma obra com esferas culturais e vozes narrativas que se cruzam: dos índios, dos não índios e dos seres sobrenaturais ou demiurgos. O texto revela o encontro de cosmogonias e o entrelugar cultural de Avá/Isaías, um índio mairum que se torna sacerdote cristão, 
e Alma, jovem carioca que vive com os índios. 
A história tem início com uma investigação policial, mas conduz à investigação das identidades culturais brasileiras, em uma narrativa cuja confluência de discursos é projetada 
no capítulo final. Vale a pena ler esta obra para apreciar seu caráter multicultural e literário.
Maíra, de Darcy Ribeiro. 
São Paulo: Global, 2014
Fonte:http://www.cartaeducacao.com.br/cultura/dez-obras-com-a-tematica-indigena/

Daniel Munduruku: Um exemplo de escritor indígena


 É um escritor e professor brasileiro. Pertence à etnia indígena mundurucu,graduado em filosofia, história e psicologia. Tem mestrado em antropologia social pela Universidade de São Paulo. É doutor em educação pela Universidade de São Paulo . É Diretor-Presidente do Instituto Uk´a - Casa dos Saberes Ancestrais. Como escritor, se destaca na área da literatura infantil. É membro da Academia de Letras de Lorena . Recebeu a Comenda do mérito cultural por duas vezes. Já recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior: Jabuti, da Academia Brasileira de Letras, Érico Vanucci Mendes (CNPq), Tolerância (UNESCO).
“Meu interesse ao escrever um livro é dialogar com crianças e jovens. Procuro encontrar um cantinho na cabeça deles”, diz Daniel Munduruku, escritor indígena graduado em filosofia e educador social, ao abordar a reprodução da cultura indígena e o processo de criação de suas obras.
 Com mais de 40 livros publicados, Daniel esteve em vários países da Europa, participando de conferências e ministrando oficinas culturais para crianças, com o intuito de dialogar sobre a cultura indígena. Ele conta que nunca escolheu ser escritor, contudo, o fato de ter algo a dizer sobre seu povo o motivava a fazer com que sua própria história e a de seus ancestrais fosse registrada e disseminada. “A escrita foi tomando conta de mim e, aos poucos, fui me aceitando: aceitando o fato de que minha escrita tem algo a dizer, aceitando ser dono de um estilo de narrativa que me foi oferecido por meus antepassados”, ressalta.
 Apesar de tudo o que é feito para retratar e propagar a cultura indígena, o autor aponta que ainda há muito a ser feito. “A cultura indígena ainda é vista como folclórica. Isso é fruto de uma política que sempre tratou os indígenas como seres do passado, parados no tempo, sem história”, relata. “O resultado disso tem sido desastroso para a própria sociedade, pois acabou negando a participação efetiva de nossa gente indígena na composição da identidade nacional.”
Pela Global Editora, Daniel tem publicadas as seguintes obras: A Caveira Rolante, A Mulher-Lesma e Outras Histórias Indígenas de AssustarA Palavra do Grande ChefeA Primeira Estrela que Vejo É a Estrela do Meu Desejo e Outras Histórias Indígenas de Amor,Contos Indígenas BrasileirosO Banquete dos DeusesOutras Tantas Histórias Indígenas de Origem das Coisas e do UniversoParece que Foi OntemSabedoria das ÁguasVocê Lembra, Pai?, além de integrar as antologias Conto Com Você e Um Fio de Prosa.(Fonte:http://www.globaleditora.com.br/noticias/abordagem-da-cultura-indigena-nas-obras-de-daniel-munduruku/)
Conheça um pouco mais sobre Daniel Munduruku
Blog de Daniel: http://danielmunduruku.blogspot.com.br/

 

Conhecer nossa história é preservar nosso futuro: Literatura indígena



Os indígenas foram os primeiros habitantes do Brasil, sua história, cultura e seus hábitos foram contados através dos séculos. Antes dos portugueses era provável que havia mais de cinco milhões de indígenas no Brasil, cada tribo com seus costumes, lendas e tradições.
A primeira visão de literatura seria os registros dos navegadores que aqui chegaram e tiveram o primeiro contato com eles ( 1500). A carta que o escrivão Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei D. Manuel é considerada o primeiro documento da nossa história:

"Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...) Eles porém contudo andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me parece ainda mais que são como as aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que as mansas, porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão fremosos que não pode mais ser."

Em 10 de Março de 2008 a Lei nº 11.645, obriga o ensino da história e da cultura indígenas em todas as escolas públicas e privadas do país, conquista essa que gera conhecimento, transformação em resgatar e respeitar a origem da nossa história valorizando aquilo que muitos perderam. 

O Romantismo brasileiro do século XIX trás uma temática indígena, como os versos de Primeiros Cantos (1846) e de Os Timbiras (1857), de Gonçalves Dias, e os romances O Guarani (1857) e Iracema (1865), de José de Alencar. Mas há uma ampla produção textual feita pelos próprios indígenas hoje seja de forma oral ou escrita, a expressão Literatura Indígena tem sido utilizada para designar aqueles textos editados e reconhecidos pelo chamado sistema literário (autores, público, críticos, mercado editorial, escolas, programas governamentais, legislação), como sendo de autoria indígena. Um marco importante se dá em 1980, ano de publicação do considerado primeiro livro de autoria indígena com tais características, intitulado Antes o Mundo não Existia, de Umúsin Panlõn & Tolamãn Kenhíri, pertencentes ao povo Desâna, do Alto Rio Negro/AM. A partir das licenciaturas indígenas, assistimos, na década de 1990, ao incremento dessa produção editorial.
Ainda nessa direção, em 2003, foi criado o Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas (NEArIn), vinculado ao Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (INBRAPI). Em 2004, a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) lança dois concursos anuais associados aos livros de autoria indígena, oTamoios e o Curumim.
A literatura indígena trás a nossa história contada pela visão dos próprios índios e nos leva a descobrir muito além do que já conhecemos.